quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

O Arrependimento

Viver implica ação. Nem que seja do tipo passiva.
Agir traduz-se em comportamentos que, por sua vez, se transformam em experiências que passam a integrar a história do indivíduo.
Neste percurso único, cada pessoa reage, pensa e interpreta a ação de acordo com a sua 'verdade'.
Nesta obrigatoriedade da diferença, existem traços semelhantes, tão caros à humanidade.
Gostamos da  semelhança e procuramos a uniformidade ou não fossemos sociais.
Na demanda incessante do conhecimento e da catalogação, arranjam-se conceitos e a vida torna-se mais compreensível.
O Arrependimento está ligado à ideia do 'não devia ter feito'.
O 'não devia ter feito pensado' talvez não seja tão usual.
Esta capacidade humana de 'olhar' para o passado, analisá-lo, esmiuçá-lo e chegar ao ponto de considerar que uma qualquer ação sua, passada, não deveria ter ocorrido ou ter acontecido de forma diferente, torna-nos vítimas de nós próprios.
Que se aprendam ou tirem lições com o passado pode ser extremamente benéfico.
Até os animais fazem uso desta competência, seja através dos relexos condicionados ou memórias que a Biologia prova existir na bicharada mais desenvolvida.

Arrepender-se !

Qual a utilidade? Porque será que o Homem sente arrependimento?
Questiono-me na constatação da insistência do regresso ao passado e na tentiva de 'emendar' o(s) erro(s). Esta tenacidade pode ser de tal forma gravosa e as patologias surgirem.
Basta pensar no remorso, o arrependimento com sentimentos de culpa à mistura.
Arrependimento associado à culpa pode tornar-se em mistura explosiva.
Por muitos actos de contrição que rezemos, a ferida continuará aberta, difícil de sarar.
Por isto, o Arrependimento pode não ser recomendável.
(Eu já me arrependi de tanta coisa.)



quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Invasão Inesperada !



Instalaste-te na calmaria do inesperado.
As palavras suspiravam nas viagens entre nós.

Leste-me no olhar guloso,
na linguagem incessante do corpo.

Provaste-me no sabor do beijo roubado,
na carícia atrevida.

Seduziste-me na simplicidade  de ti,
na autenticidade do toque desconcertante.

Levaste-me e mundo desconhecido,
de prazer, de sentidos saciados.

Arrebataste-me a alma,
deixando-me indefesa, viciada.

Tornaste-te necessário ao meu equilíbrio,
sem dar conta.

Invadiste-me com exército de afetos.
Rendi-me, sem opor defesa.

Sou prisioneira desta guerra amorosa,
inesperadamente . . . porque te quero !

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Construções na " AREIA"

Desligou o motor. O silêncio do espreguiçar das ondas na areia morna invadiu-lhe os sentidos. Cerrou os olhos e inspirou a brisa aromatizada de algas.
Fechou o carro e entregou-se à existência no não pensamento.
Os últimos dias quase a enlouqueceram.
Crédula, aceitava a vida entregando-se por completo em tudo que tocava. Profissional competente e até reconhecida.
Organizada de forma a ter conseguido o papel de mãe com frutos visíveis, e casamento duradouro. As vinte e quatro horas ainda lhe sobravam para a pintura (paixão desde sempre) e disponibilidade familiar.
Pensava em tudo com naturalidade.
Afinal o mérito assentava em si e no que houvera construido.
Confiante e com as rédeas na sua posse.
Até alguns dias atrás.
Sem dar conta, descobrira a vontade do marido no divórcio.
Fora como um soco no estômago.
Nunca imaginara que se tinha tornado autoritária e intimidatória, argumento usado pelo companheiro.
Apenas tinha querido uma vida perfeita, como sempre a imaginara, como era suposto.
Sonhos que julgara concretizados.
Pois bem, a reformulação de si, dos seus objectivos, da sua postura , já não era hipótese, mas necessidade.

A maresia enchia-lhe os pulmões de ar novo. Na areia descalçara as sandálias. Como lhe sabia bem a massagem dos grãos à medida que caminhava.
Tal como a vaga, sempre diferente, espraiando-se em contornos imprevisíveis, também ela teria de aprender a prosseguir objectivos, construir sonhos de areia.
Lindos, porém fragéis e fácilmente passíveis de reconstrução.
A imensidão oceânica devolvia-lhe a grandiosidade de si.
Tomou o caminho de regresso prometendo voltar. Para se relembrar. 
Da ilusão da autoridade.
Das marés da vida.
Da permanência impermanente, constante da condição humana.


segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Pedido


Não me toques, agora.
Não me agarres, por enquanto.
Não me fales, já.
Não entres em mim, de momento.
Não quebres o encanto da perpetuidade do momento.

Fica somente a meu lado.
Olha-me! Como só tu o consegues.
Partilha comigo o amor que nos envolve.
Descansa no silêncio morno do meu regaço.
Sente meus beijos imateriais.
Ama-me na suavidade do querer.
Saboreia o instante deste reencontro mágico.

Aguardo-te há tanto!
Quero guardar o momento em cofre blindado.
Ficar contigo na eternidade.

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

Vampiro


Com o feitiço que te é natural,
seduziste-me na teia do sorriso.
Tornei-me tua presa,
dependente de tua boca.
Os beijos, as palavras,
os sussuros aprisionaram-me.

O veludo de teus lábios
suavizaram ânsias minhas.
Percorreste-me o corpo com a boca,
mergulhando-me no hálito do prazer.
Banhaste-me com a humidade da tua língua.
Provaste-me e quiseste mais.
Ousaste trincar-me
sugando o meu ser.
Exaurida, rendi-me.

Meu Vampiro doce!

Vem!

Conduz novamente tua boca até mim, por mim, em mim . . .
Vem saciar-te com a minha vida,
os meus fluídos,
a minha carne,
a palpitação de meu coração,
respirando o ar dos meus pulmões,
tornando-me TUA.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

Confidências...em jeito de Desafio...ou...vice-versa.

*THE VERSATIL BLOGGER AWARD 
7 COISAS SOBRE MIM*
O Blogger talentoso JP propõe este desafio, falar sobre nós próprios.
Quer-me parecer que já sabem mais sobre mim do que seria suposto.
Confesso que a escrita revela mais das pessoas do que é imaginável.
Sintam-se à vontade para falarem sobre vós.
Fico curiosa!
Depois avisem!

1 - Demorei mais de um mês a aprender a andar de bicicleta. Era uma criança e aprendi com uma vizinha 2 anos mais velha. Em troca dela me segurar e correr atrás de mim deixava-a dar 'x' voltas préviamente combinadas. Convém dizer que a minha bicicleta foi comprada em 2º mão e partilhada com o meu irmão.
A minha vizinha nem tinha bicicleta. Os pais não podiam comprar, nem usada. O pai dela tinha uma que usava para se deslocar para o trabalho.
Tenho de acrescentar que já tinha 7/8 anos e pedia o 'brinquedo' desde que me lembre. Foi uma 'prenda' muito especial.
Relativizando a questão e em comparação concluo: em poucos anos a aspeto material da vida tem ganho demasiada importância e não andamos a educar bem as crianças.
Talvez a crise seja benéfica (é claro que não refiro os ataques de pânico que sofro na atual conjetura), afinal tive uma infância super-mega-feliz com tão pouco. em termos de brinquedos e tralhas materiais.
 Tinha tempo, amigos, afeto, atenção, brincadeiras de rua...

2 - Não recuperei da perda do meu pai. Já lá vão quase 8 anos. Não consigo aceitar a sua morte, a ausência. Choro sempre que me recordo da voz calma dele (inundo o teclado, claro), dos conselhos sensatos, da paz que transmitia apesar dele nem sempre a sentir. Punha sempre os outros como prioridade.  
Apenas dele senti o tal do Amor Incondicional que é tão procurado. Acolhia-me tal como sou e ainda me sensibiliza a imensidão do seu Amor nos ossos, na pele, sempre que me visita em recordações.

3 - Corto o cabelo a quem me pede. Não sou cabeleireira nem nunca trabalhei na área. Desde pequena que gosto de pentear, de mexer nas cabeças. Comecei por cortar o cabelo da mana mais nova. Só foi à cabeleireira a 1º vez com dezasseis anos. Tornei-me observadora e com as cobaias (mais ou menos voluntárias) tenho aprendido, dado umas tesouradas, mas continuo nesta 'profissão' frustada. Enquanto houver voluntários a minha tesoura está sempre pronta.

4 - Tinha pavor de estar sózinha. Quer dizer, pavor é pouco, era horror, medo a sério. Se era, mesmo, obrigada a ficar sózinha dormia de luzes acesas, sobressaltada e era capaz de fazer centenas de km para ficar acompanhada, se pudesse.
Com as voltas da vida até pela casa mergulhada na escuridão já me passeio.
Nós mudamos, a mudança é a única constante da vida, acreditem.

5 - Choro a ver filmes. Coisa normal para tantos que me compreenderão. No último filme que visionei, sobre a família de férias na Tailândia e vítima do tsunami, agora não me recordo do nome da película, as lágrimas visitaram-me muitas vezes.
Tenho de disfarçar porque já não têm paciência para as minhas mariquices.

6 -  Caí de um elétrico a parar. Nunca percebi aquela mecânica de sair de um veículo em movimento. O elétrico estava a chegar à paragem, armei-me em esperta. Afinal já tinha visto tantas crianças a entrarem e sairem deste meio de transporte no meio da viagem. Sabia que as pernas tinham de se mexer. Pois! Caí redonda.
Com as pessoas a olharem, fiquei atordoada, envergonhada e jurei para nunca mais.
O elétrico continua a ser o meu transporte público preferido, embora em desuso.

 7 - Já matei um pombo com uma espingarda de chumbos e um coelho ao murro (ou quase).  Como já perceberam cresci em ambiente campestre, em vila do interior. Vivia muito na rua e em contato com a natureza. A família tinha horta, animais, praticava-se a agricultura e espaço não faltava.
A espingarda era um dos divertimentos dos rapazes. Quando me deixaram tocar na arma, provei, à primeira, que tinha pontaria. Acertei no pombo e os rapazes presentes ficaram cheios de inveja porque era melhor que eles. Ainda me recordo da sensação: -YA! As mulheres são boas!!!
Quanto ao coelho, foi menos agradável, apesar de incluir também a morte. Estava em família a matar animais para consumo, entre eles uns coelhinhos lindos. Ao ver a avó a aniquilar os bichos com um valente murro, pedi para tentar. Cortar pescoços a aves nunca me atrevi.
Pois bem, a força não é o meu forte. E esmurrei uma, duas, ... e o coelho contorcia-se. Comecei a ficar nervosa. Valeu-me o pai que acabou com a vida do torturado.

Com tudo isto acabei por recordar episódios que me emocionam. Somos mais do que o passado, mas ele indicia e conduz-nos ao presente.
Temos liberdade e opções várias.
É sempre possível alterar rotas.
As mudanças na personalidade, nos comportamentos são inevitáveis.
Porém, gosto de pensar que vivemos, existimos, somos o 'eu' em cada instante, em cada experiência passada.

(Só espero não vos ter aborrecido de morte.)

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

De Ti . . .



Sei-te
No voo da gaivota
planando sobre o azul aceânico.

Adivinho-te
No sorriso da flor que se abre
absorvendo a luz que lhe dá cor.

Procuro-te
Na densa floresta dos afetos
voláteis, indefinidos e misteriosos.

Quero-te
No meu corpo adormecido
de vontades dormentes e desejos hibernados.

Reconheço-te
No sonho desperto
onde imagens de ti protagonizam ilusões.

Admiro-te
Na simplicidade do teu ser
desprovida de artífícios, plena de ti.

Desenho-te
Na tela da minha pele
com paleta de extremos, imprimindo-te em mim.

Escrevo-te
Nas palavras presas no pensamento
letras que gritam a aguardarem liberdade.


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

No Sonho !

 
 Desalmadamente, cobres-me de perversas palavras.
Ajeitas-me com carinhos cruéis,
disfarçados na falta de jeito.
A tua desumana forma de ser perturba-me.
O invisível poder que deténs sobre mim corrói-me
a vontade, o querer, o desejo, o ser, a alma.

Poderia nada esperar, tudo aceitar.
Acreditar que este amor é real.
Poderia, eventualmente.

Do meu íntimo emergem sombras de mim.
De novo, pedaços da essência do que fui ou talvel seja.
E lembram-me . . .

Quero !
Vestir ternura,
provar lágrimas de paixão,
submergir em corpo desejado,
perfumar-me em odores de sorrisos.
Abraçar,
ser abraçada e desconhecer as fronteiras de mim.
Reunir-me em identidade inteira e
voltar a ser humana !

domingo, 17 de fevereiro de 2013

Homenagem

Quando penso que já nada me consegue surpreender eis que  o meu querido amigo Edumanes me presenteou com uma Homenagaem.
Sim! Leram bem.
Um post em forma de homenagem a esta Pérola em estado de formação.
Para além de, diáriamente, me visitar e deixar o seu comentário com rimas primorosas (já tenho um livro delas, bem guardadas, pois são preciosidades amigas) veio comover-me com a sua poesia tendo-me como tema.

Ei-la:

ESTA HOMENAGEM, DEDICO A (PÉROLA)
http://eeratudomuitobom.blogspot.pt/
Do trigo de faz a farinha
da farinha se faz o pão
a cebola fez chorar
quando de faca na mão
 Margarida, a estava a cortar
dos olhos dela...
 Caiam lágrimas no chão,
para as não pisar,
com um pano, as limpou,
das suas lágrimas o pano
molhado ficou...
Para o pano enxugar
no estendal o colocou
o vento que estava a passar
as lágrimas, com ele, levou...
Com as nuvens se misturaram
transformadas, em gotas de água 
na terra...caíram...
Sobre o trigo verde espigado.
Realidade ou imaginação
de alegria, tristeza ou saudade
 dos olhos no chão a cair
 as lágrimas continuarão!
(Eduardo Maria Nunes)

 
Convido todos os que desconhecem o http://rimablogeutedouumaflor.blogspot.pt/ a visitá-lo e perderem-se nas suas poesias rimadas, duma simplicidade desconcertante.
Já experimentei a rimar, mas tenho de confessar que é muito difícil. A obrigatoriedade dos sons fica linda, mas sou verdadeira aprendiza desajeitada no género.
As palavras fogem-me, não as consigo controlar desta forma.
 
Obrigado querido Eduardo!
 

sábado, 16 de fevereiro de 2013

Likes & Dislikes



A amiga inigualável Valsita das Terras da neve desafiou-me.
Como poderia recusar?
Impensável!
É uma amiga preciosa, das primeiras que arranjei por aqui.

Então ficam aqui 10 meus Likes vs Dislikes:

10 Coisas que gosto:

* Mimos de todos os géneros:
* Surpresas agradáveis;
* Que me sorriam;
* De olhar o mar;
* Ler o que parece ter sido escrito para mim ou por mim;
* Chocolate, principalmente negro e tudo onde seja ingrediente;
* Da blogosfera e dos amigos/as especiais que por cá encontrei;
* Do toque;
* Viajar;
* Passear de bicicleta.

10 Coisas que não gosto:

* De roer as unhas;
* Que me gritem;
* De arrotos e ruídos do género;
* De me culpar;
* De ser orfã;
* De brigas familiares;
* De pão embebido no que quer que seja;
* Do frio;
* Do desemprego;
* De mim.

Agora o  desafio passa para todos os meus queridos amigos/as que queiram partilhar algo vosso.
Avisem para depois vos ler.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2013

✗ PARAR DE PENSAR ✗



" Se quiser desviar os problemas da sua mente, experimente usar sapatos apertados"
ANÓNIMO

As imagens de grandes pilhas e listas de coisas a fazer. Uma discussão recente que nos massacra a mente. Preocupações financeiras, doenças, chefes chatos ou uma qualquer infiltração lá por casa podem deixar-nos de cabeça à roda.
E como se não bastasse o presente, quantas vezes, ponderamos problemas passados, analisando-os até à exaustão, revivendo cada pormenor.
Por vezes, basta apenas uma coisa e bate-nos à porta o esgotamento, a depressão, a melancolia, a frustação e outros familiares desinteressantes e indesejados.
Como é que nos livramos da balbúrdia infernal que se instala na nossa mente?
Dizem os entendidos que há técnicas para parar com os pensamentos e divagações stressantes.
A técnica mais eficaz é "Parar De Pensar".
O tal " Pára com isso" com o qual mandamos calar amigos, crianças, familiares que nos incomodam.
Desta forma, quando notamos que os nossos pensamentos seguem por caminhos enervantes damo-nos um abanão e gritamos para nós próprios "PÁRA!".
Pode ser em voz alta.
Com a repetição do exercício entramos no diálogo interior e nada transparecerá para o exterior.

Cá para mim, o grito pode ser poderoso.

Também podemos usar um elástico no pulso (a evitar pelos masoquistas) e quando a perturbação se iniciar: esticamos gentilmente o elástico e uma pequena dor distrai-nos das imagens aterradoras e somos chamados à realidade.
Atenção: nada de elásticos tipo torniquete ( o objectivo não é o suicídio), solta-se o elástico na parte exterior do pulso e não faça fisga do apêndice. Tudo ligeiro, nesta opção.
Porém (e há sempre adversativas na vida), não basta "Parar De Pensar"...Há que substituir os pensamentos inúteis e degradantes por outros agradáveis.
As imagens repousantes são o ideal, ou alguma coisa que nos dê prazer e gosto.
Em horário activo é recomendável a distração fisíca: pegue no telefone e fale com alguém agradável, vá dar uma volta, se ligar a televisão evite as notícias (esta é minha), pinte o cabelo, enfim a imaginação é o limite.
O fantástico deste parar de pensar e da substituição do conteúdo dos pensamentos é a sua eficiência.
Resulta mesmo.
Funciona !!!

Não podemos impedir os pensamentos de surgirem nas nossas mentes, mas conseguimos decidir quanto tempo é que queremos pensar neles.

Já experimentaram ? ? ?


quinta-feira, 14 de fevereiro de 2013

No AR . . .


És como bolha de sabão.
Frágil e seguro de ti.
Possues o mundo nos reflexos coloridos.
Danças o  ritmo do vento, da brisa que te faz cócegas.

E eu, observo-te.
Imóvel, nos instantes da tua plenitude, admiro-te.
Balanças e  contigo vão os meus olhos.
Junto a imaginação e faço-te companhia.

Indiferentes à inevitável delicadeza rodopiamos.
Exibo o arco íris no meu ser.
Contrapões o mar como espelho.
Somos borbulhas do ar, empolas do beijo suspenso.

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Caminho para o Bom . . .


Sentada no alpendre senti calor nos pés.
Seria dos três (3) pares de meias grossas e peludas que calço?
Talvez da camisola interior soterrada em gola alta e dois polares sobrepostos.
Não sei.
Confesso que ando cansada do frio, do vento, da chuva.
Sou rapariga mais virada para o clima ameno.
Das vestes leves, dos pés descalços, do cabelo apanhado para não encalorar o pescoço.
Na invernia enterro-me em roupa, aqueço-me junto de qualquer fonte de calor e semi-hiberno.
Já passei pela fase da garganta inflamada - obrigatória todos os anos.
O carnaval já se foi e finalmente vi a 'Luz'.
Nesta minha pausa campestre os passarinhos vêm pousar junto de mim.
Andam tão embrenhados nas lides amorosas que até ficam desatentos à minha presença.
Gosto do seu chilrear, do namoro incessante e principalmente da vivacidade.
Sempre atarefados.
Não há crise que lhes chegue.
Bastam-lhes umas ervas, uns ramitos e ei-los, fazendo o ninho, acasalando, somente preocupados com a descendência obrigatória.
Senti-me bem. Muito bem, mesmo!
Já provei o calor deste ano nos raios solares que absorvi neste meu recanto.
Os dias já estão maiores.
Fico feliz!
Estou contente nesta caminhada que se começa a povoar de pequenas flores, de dias sorridentes e repletos de natureza a despertar.
Aproxima-se a primavera.
Ainda continuo camuflada com tanta roupagem, mas é por pouco.
Os chinelos...o bikini...a praia...a pele à mostra já estão próximos.
Que poderei desejar mais?
Bem! É melhor nem perguntar...

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Nascimento


Origem desenhada em paleta colorida no pensamento.
Fruto amadurecido por entre folhagens protectoras.
Chegado o teu tempo nasceste.
Vinhas embrulhada em futuro novo, desconhecido.
Renascimento no nascimento.
Ziliões de promessas, de sonhos te acompanham.
O tempo constrói uma história única, a tua.
A vida grávida de nascimentos tornou-te exclusiva.
Sê bem vinda bebé !

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Eis-me . . .



Eis-me . . .
Aurora preguiçosa na languidez da madrugada.
Vede-me. . .  enrolada na dúvida arrependida.

Aqui estou . . .
Soluço ferido na glote do universo.
Espasmo prenhe de vontades.

Ali . . .
Repouso agitada em colchão herdado.
Autora de mim ou mera consequência causal.

Eis-me . . .
Sonho, alucinação, palavra julgada, pretensiosamente.
Fruto assinalado, de sabor agridoce.

Aqui estou . . .
Nudez tapada no decoro aprendido.
Íntimo receoso que espreita.

Ali . . . 
Na matéria  de mim subsisto.
Absorvendo poeiras de amor na incerteza de tudo.

Eis-me . . .
Fluído humano correndo desalmadamente.
Com tino, sem rumo, desatenta na ponderação da insensatez.

Dessabendo . . . Eis-me . . .

domingo, 10 de fevereiro de 2013

É Carnaval ㋡

No progresso da humanidade eis-nos chegados a época carnavalesca.
Vale tudo.
Todos os anos permitem-se excessos, de índoles várias, em nome da diversão.
Afinal o Carnaval são poucos dias e a vida efémera é.
Vamos lá dançar, festejar até os pés não se aguentarem.

Tenho de confessar que nunca foi das minhas quadras preferidas, mas alinhava em brincadeiras várias.
Especialmente quando era novinha e 'inconsciente', uma criança.

Atualmente, e sem querer imprimir notas pessimistas nesta breve alusão à festividade, a verdade é que não sinto a míníma vontade de celebrar.
Fantasiar-me? Já me sinto mascarada pelo ano inteirinho.
Dançar? Faço-o sempre que posso e me apetece.
Beber? Em ocasiões especiais e quando me permito.
Rir, Brincar? Nunca desperdiço momento propício.

Enfim! Não deixo para alturas calendarizadas o que é suposto ser divertimento.
Há que agarrar todos os momentos a que a isso se propiciam.
Rir, Sorrir, Gargalhar...não têm data marcada por aqui.
É o tal do 'carpe Diem'.

Até porque depois vem a quarta feira de conzas, a quaresma.
Tempos de introspeção, de  cair na realidade.
Para evitar as quedas e eventuais sequelas previno-me e não subo...assim não caio, certo?

E como referi a quaresma, temporada que conduz à Semana Santa e à Páscoa, não consigo evitar que os meus pensamentos se desviem para a 'CRUZ' que tenho, ou melhor, temos de carregar.

Valha-nos o Carnaval, qual anestesiante forte, que poderá provocar dependência.
O pior é a ressaca.

Divirtam-se !!!


sábado, 9 de fevereiro de 2013

E o calor continua . . . UfA!




Querido Diário,
Estas tórridas temperaturas deixam-me sem vontade de pegar am ti e desenhar-te com a minha disforme caligrafia.
Sei bem que me entendes sempre.
Que seria de mim sem a tua infindável compreensão e ouvido sempre disposto?
Anda tudo muito apressado, sem tempo (e vontade) de escutar, ouvir de verdade.
Como já te contado conheci o Luís no meu primeiro dia de praia deste ano.
Aconteceu como um relâmpago, mas duma intensidade que ainda se faz sentir.
Onde ía eu?
Ah! Já sei!
Vesti-me e trouxe-o para casa.
Anuiu à minha total inocente pergunta 'queres vir comer um gelado ou beber algo fresco a minha casa, uma 'margarita'?'
Dei-lhe a mão e carregou-me os pertences.
Uma gentileza cavalheiresca, quase medieval.
De t-shirt, toalha ao ombro e mão na minha acompanhou-me sorridente.
Sem palavras desnecessárias apenas soube do seu nome e pouco mais.
Nas passadeiras depositava-me um carinhoso beijinho na face e depressa chegámos.
Quais miúdos entendemo-nos mais por sinalética cúmplice e pelo alfabeto do corpo do que pela língua materna.
As expressões, os gestos tudo diziam.
O olhar dele conversava comigo incessantemente.
Tornava-se transparente este diálogo em encontro de almas em sintonia.
Mal entreabri a porta, depositou as mãos no meu corpo e começou a descobrir.
Eu entrei na aventura e vesti-me de exploradora, ávida de outros mundos, outros sabores, outros cheiros, outros toques, outros sentires.
Provei-lhe a boca salgada, o pescoço perfumado de ondas com sabor a algas.
Depressa o vestido voou, o bikini desapareceu bem como a t-shirt e o calção.
Restavam os nossos corpos polvilhados de areia, com sabor a mar em todos os poros.
Os lábios dele secavam ao retirar-me o sal salpicado em mim.
Agarrou no pulverizador das plantas que se encontrava mesmo na mesinha ao lado do sofá e, borrifando-me, saciou a sede na minha pela húmida.
Num instante a brincadeira se estendeu e foi um autêntico manjar de gotículas frescas sorvidas em territórios anatómicos que não me atrevo a descrever.
Desvendei-lhe a macieza da penugem clareada pelo Sol, a firmeza dos músculos  definidos pela vida saudável. Experimentei-lhe o que me apetecia, sem pudores.
Ele? O Luís tomou-me como rainha. Adivinhava os meus gostos, espreitava cada gemido meu e conduziu-me a voos nunca antes permitidos.
A tarde decorreu na mais perfeita loucura.
O Mundo parara. Éramos somente nós. E a paixão com a luxúria como companheira.
Pela madrugada o físico relembrou-nos outras faces. Tivemos fome.
Fui ao frigorífico e armada de sumarentos morangos e iogurte cremoso banqueteamo-nos sendo o prato um do outro.
Vencidos pelo prazer saciado, adormecemos entrelaçados. Sem saber onde acbava eu e começava o corpo dele.
E até hoje tem sido assim.
Ou melhor: digamos que as férias estão a decorrer melhor que qualquer sonho, dos mais alucinados.
Quando penso que já não me pode surpreender, eis que me deixa de boquiaberta seja com uma palavra, um olhar ou uma surpresa 'daquelas'.
Por agora vivo este sentimento que se me entranha e testa os limites.
Não estava nos planos apaixonar-me.
Hoje, neste segundo, nada sei.
Quero exclusivamente absorver esta aura, esta brisa marítima e esquecer tudo o resto.
Tocam à campinha.
Horas de praia!? Ou será antes horas do Amor!?

Um beijinho e até...não faço ideia...


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

Em Desalinho !



Inspiro sustendo a respiração.
Vou navegar para oceanos defesos.

Onde a despudorada vida é leito em desalinho.
Onde as formalidades não têm entrada.
Onde normas e preceitos se nutrem da indiferença.
Onde tu existes.

Afundo-me em descobertas gulosas.
Privada de oxigénio respiro-te.

És meu alento, meu doce alimento.
Remoinho estonteador, feitiço magnético.

Desalinho-me:
ao sabor do toque da tua pele,
na maresia do teu cheiro,
no teu olhar profundo, de matizes lascivas.

Desconcerta-se minha alma,
alterada nesta imersão desprogramada e eterna
nos segundos deste assombro enlevado de te exalar.

De íntimo desgrenhado sou cativa em liberdade.
E porque assim o desejo crescem-me guelras para prolongar este desalinho.
Prendo-me na tua sofreguidão e deixo-me levar.

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Tanto e Ainda Mais !


Tanto e  tanto que sou.
Perfume engrrafado em sorriso incontrolável.
Ar cristalino em ambiente  despoluído.
Colorido desembaraçado que se solta, procurando os negros.
Enleo-me no voo da borboleta,
no som das palavras.
Sou tanto.
Dama, senhora do imenso nada.
Mulher plena, deusa de mim.
Energia brota do meu ser, abundantemente, satisfazendo-me.
Tanto e tanto que sou.
Origem do Universo, meu, só meu.
Soluto em águas primordiais que se esvai.
Desfazendo-me adquiro posse da totalidade.
Tornando-me ainda mais...

quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Vírus & Companhia . . .

. . . 
Tal como a minha garganta inflamada,
o meu nariz,
os meus neurónios.

Os senhores vírus chegaram, instalaram-se e pelos vistos não fazem tenção de me abandonar.

Dói-me a cabeça, tenho os olhos congestionados, o corpo pede-me descanso e os olhos esforçam-se por se manter abertos.

Sem vontade de fazer qualquer tipo de trabalho em casa ou fora dela.
Tudo me parece uma trabalheira deveras cansativa.

Socorro!

Alguém me leve estes minúsculos seres que me fazem estrago dorido e sofrido.
Estou doente e esgotada, afinal já ando nesta luta há uma semana.

Eu sei que não me devo queixar, não posso.

Estou cansada, só isso...


terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

Procura vã !



Existes na abundância do Tudo.
Permaneces em cada partícula do Ser.
Procuro-te em diligências, ao acaso, propositadas.

Vã tentativa.

Habitas na plenitude atómica, constituindo a globalidade.

Afadigo-me inutilmente, em caminhada sem meta.
Moras em no ar que me oxigena,
nos alimentos que me nutrem,
nos pensamentos que me tornam humana.

Estendo os braços e sinto-te.
Estás em mim.

És canto de ave que me  embala,
luz guia,
calor pacificador do meu ventre ansioso.

Busca detalhada, esforçada pelos desejos e pensamentos.
Com intuito de ti.

Porém:
És inicio é término.
Existo na tua essência.

Demanda oca, a minha !

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Agradar a Todos . . .

Agradar a Todos e a Ninguém.

"Aqueles que procuram agradar andam muito enganados. 
Para agradar, tornam-se maleáveis e dúcteis, apressam-se a corresponder a todos os desejos. 
E acabam por trair em todas as coisas, para serem como os desejam. Que hei-de eu fazer dessas alforrecas que não têm ossos nem forma? 
Vomito-os e restituo-os às suas nebulosas: vinde ver-me quando estiverdes construídos.
As próprias mulheres se cansam quando alguém, para lhes demonstrar amor, aceita fazer-se eco e espelho, porque ninguém tem necessidade da sua própria imagem. 
Mas eu tenho necessidade de ti. 
Estás construído como fortaleza e eu bem sinto o teu núcleo. Senta-te ali, porque tu existes.
A mulher desposa e torna-se serva daquele que é de um império. "
Antoine de Saint-Exupéry, in 'Cidadela'


domingo, 3 de fevereiro de 2013

Invernar !



Hiberno em recolhimento aquecido.

Desacelera-se-me o coração desnorteado.

Ouço o silêncio de mim.

Respiro vagarosamente futuros desenhados.

Na quietude envolvente, descanso.

Perco-me.

Solto-me.

Abandono-me.

Sonho-me.

Em dormência imperturbada, sou.

Em refúgio acolhedor, recordo.

Lembro teu colo.

Evoco tuas caricias, presas nas mãos da saudade.

Reminiscências perfumadas com o teu hálito.

Que me aquecem e alimentam.

No sossego do covil sou fera amansada neste inverno que é a vida sem a teu corpo, a tua essência...sem ti.

Apenas...hiberno !


sábado, 2 de fevereiro de 2013

O Amor e a Contabilidade


Há tendência generalizada para fazer balanços, visitar o passado, retirar lições e tomarmos resoluções para o futuro.
Seja em época de final de ano, datas de aniversários ou simplesmente quando uma tempestade qualquer nos avassala e faz estremecer.
Poderemos gostar ou talvez não, desta paragem introspectiva que poderá ser bastante analítica.
Analisamo-nos, traçamos novas metas e metemo-nos a caminho.
Não podemos esquecer as 'pessoas-rochedos' cujas certezas têm tanto de inabalável quanto as suas vidas de rotineiro e previsível dentro do permitido pelo Universo em constante mudança.

Ainda que mal comparada, a Vida é uma espécie de Contabilidade.
Com os acontecimentos a sucederem-se é inevitável surgirem produtos, os tais efeitos mais ou menos mensuráveis.
Entre 'Deves' e 'Haveres, débitos e créditos sempre sobra um resultado.
Lucro ou Prejuízo, depende de quem analisa e do analisado.

 Um dos itens mais  importantes nestas listagens são as pessoas.
E na contabilidade individual o número de pessoas que passaram pelo nosso privadíssimo campo amoroso.
Será que ainda guardamos a 'documentação' de todos aqueles/as por quem o nosso coração bateu mais forte?

A memória é coisa estranha. 
Lembramo-nos tantas vezes de pormenores insignificantes.

Quer-me parecer que na escrituração dos afetos de cariz mais intimo podem existir contagens que se resumem a folhas em branco ou  páginas que dariam para encadernar e formar tomo de volume enciclopédico.
Mais cedo ou mais tarde, realizamos contabilidade, começamos a contar pelos e dedos e como se isso não bastasse gostamos de projectar para o futuro.
Como será?

Os solitários elaboram 'orçamentos', esperançosos nas suas previsões.

E afinal, quantos/as foram?
Com maior ou menor relevância se deixou marca, recordação, tem de entrar na contagem.

Já contabilizaram o amor nas vossas vidas?




sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Que Calor ☀ ! ! !



Querido Diário,


Com as previsões a apontarem para temperaturas a aquecerem os termómetros para além dos 40º resolvi procurar a frescura marítima.
De bikini já vestido, enfiei o vestido de alças, bem leve, e de fresquidão encerrada em recipiente apropriado, atrevi-me até à beira-mar.
O areal morno massajava os pés descalços, saudosos de tais mimos.
Procurei poiso ligeiramente inclinado, bem juntinho da zona de rebentação. 
Sabes como gosto de sentir os salpicos das brincadeiras das ondas.
O dia mostrava-se luminoso e nada fazia prever as tais temperaturas abrasadoras que a meteorologia teimava em repetir nos locais informativos.
Entre visitas ao mar, com arrepios pelas gotículas salgadas que me enfeitavam ao refletirem a luminosidade solar, os passeios sem destino onde apanhava conchas e búzios que a maré me presenteava, o tempo decorria.
Num dos momentos de 'relax, lendo viciante autor... já sabes como sou quando me entusiasmo pela leitura...de difícil contenção, eis que começo a sentir ardor invulgar. 
Um calor incendiário.
Procuro o protector, guardado na geladeira, e em forma de spray, refresco-me ao mesmo tempo que acarinho a minha pele. 
Queimaduras são para evitar a todo o custo. Sei que concordas comigo.
Apesar do 'Pilates' que tanto tem contribuído para o meu bem estar físico, há certas zonas do meu corpo a que não consigo chegar com as minhas esforçadas mãos. Limitações.
Sondo em volta buscando alguém disposto a socorrer-me em tarefa simples.
A uns escassos metros olhei para o  meu vizinho de toalha e território da orla, um rapaz pela minha faixa etária, mais ano menos mês ou vice -versa.
Não é meu forte adivinhar idades, já sabes.
Sem problemas pedi-lhe assistência nesta minha incapacidade de espalhar o spray por  todos os centímetros do meu orgão maior.
Com um sorriso, levanta-se sem pressas.
Reparei na sua altura, deitados somos mais nivelados, não achas? 
Para além disso, o corpo movimentava-se harmoniosamente, bem constituído, sem nada a apontar. Até do calção desportivo gostei.
Passei-lhe o spray. Ele reparou na sua temperatura fresquinha. Geralmente estão quentes, as pessoas têm-nos à mão. Não é o meu caso, como já to disse.
Com mãos duma suavidade indescritível começa a espalhar o liquido. Não sem antes me borrifar por inteiro o que me arrepiou. Afinal o produto estava gelado.
Ainda lhe tentei explicar que só não alcançava certas zonas...
Novo sorriso.
Indiferente às minhas indicações, passeou-se pelos meus ombros, costas, desceu nas costas. Empenhou-se nos braços e nem esqueceu as minhas mãos, afinal também têm pele.
Desconheço se a temperatura exterior me elevou a interior. Dos normais 37,5º comecei a sentir-me entrar em ebulição. Fiquei febril.
 A sério! Não acreditas?
Um incêndio interior ateara-se e espalhava-se rapidamente a todo o meu ser. Inflamara-me.
Precisava de socorro. talvez dos bombeiros...
Incapaz de me mover, o 'meu' auxiliador compenetrava-se na total proteção da minha cútis.
Entretanto descera às coxas e zelozamente prosseguia, dando integral cumprimento ao meu banal pedido.
Sem informar, guardou o protector na fresquidão resguardada e sentou-se na ponta da minha toalha.
Olhando o azul da água perguntou-me se não tinha calor, porventura o queria acompanhar num mergulho.
Completamente incandescente só tinha uma resposta possível. Corremos lado a lado nos escassos metros que nos separavam do oceano.
Mergulhámos e agarrou-me pela cintura.
A febre não tinha descido. Penso que piorara.
Agarrei-lhe a mão e conduzindo-o até às toalhas, enfiei o vestido por cima do corpo ainda molhado e . . .  trouxe-o para casa.
Meu amigo diário, que querias que fizesse?
Bem sei que todo o cuidado é pouco com estranhos.
Porém, nunca o senti como um intruso.
Os olhos demonstravam uma ternura nunca vista.
Li-lhe confiança.

Pois...desta vez para além das habituais pedrinhas e conchas trouxe um tesouro maior.
Faz-se tarde. Já estou com sono...depois conto-te mais.
A história encalorada não se ficou por aqui...

Um beijinho da amiga,

(♥‿♥)